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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Brasil: Educação (com) HOMOFOBIA...

Como futura educadora, vejo que uma mínima iniciativa social tem a sua validade. Na madrugada do dia 17/10, estava corrigindo provas e trabalhos da minha mãe, que ela passou para seus alunos na disciplina Sexualidade. Quando comecei a ler os trabalhos, constatei um padrão assustador no nível de conhecimento dos jovens alunos, no que diz respeito ao conceito social da sexualidade humana. É extremamente revoltante e até mesmo digno de pena perceber que boa parte da geração jovem de 2010 ainda limita a homossexualidade ao sexo masculino. Muitos ainda confundem com a transexualidade, e sustentam preconceitos oriundos da educação familiar. São atingidos pela total ausência do pensamentos crítico-reflexivo, o que lhes permitiria desprender-se do visco do pensamento preconceituoso, e lhes daria condições de compreender o ser homossexual como uma vertente NORMAL da sexualidade humana, e também de analisar o indíviduo homossexual pelo seu caráter e atitudes, não pela orientação sexual do mesmo. O que vemos é que ocorre um estupro à liberdade de pensar dessas pessoas, que muitas vezes é provocado pelas religiões e agravado pela ignorância e alienação social. Quando as pessoas usam indiscriminadamente a Bíblia para acusar a homossexualidade de antinaturalidade e abominação, elas esquecem que esses textos foram escritos numa época totalmente diferente da que vivemos hoje. E que esses textos possuem própria interpretação CONTEXTUAL. No entanto, os leigos não o sabem. Eles lêem o que está escrito e tomam para si como verdades absolutas. Por este motivo é que, historicamente, negros, mulheres, deficientes, homossexuais tem sido brutalmente marginalizados, e por vezes, tem suas vidas ceifadas devido à leituras mal interpretadas do livro sagrado dos cristãos.
Muito se tem lutado para desvincular a homossexualidade da patologia, e embora a OMS tenha retirado de seu rol de doenças e transtornos mentais, muitas pessoas continuam com essa visão.
Homossexuais são pessoas comuns, que tem sonhos, desejos, anseios, problemas, alegrias e infelicidades como todo mundo. A sociedade falta com o respeito para com as pessoas que amam o mesmo sexo. O Brasil é um dos países que registra mais mortes por homofobia no mundo, e os brasileiros parecem se orgulhar de serem "matadores de bichas". O quadro de desigualdade social aponta para um Brasil machista, misógino, homofóbico, xenofóbico, enfim, altamente preconceituoso.
Vivemos numa época em que o fundamentalismo religioso sutilmente instaura uma guerra santa contra os gays, sob o pretexto irrisório de "defender a família." Enquanto isso, meninos são covardemente assassinados por terem "cara de viado", travestis tem seus rostos desfigurados e pênis mutilados, por que são "contra a natureza", e lésbicas são estupradas para "aprenderem a gostar de homem". E viramos apenas números nas alarmantes estatísticas. Para onde o Brasil vai com essa fama?
Nessas horas, tenho vergonha de ser brasileira, odeio o meu país e tenho medo de morrer. Pensar em desistir permeia meus pensamentos quando vejo o quadro de desinformação, ignorância e homofobia que classifica o nosso país. Por outro lado, é na desesperança que busco a força de vontade para lutar, o desejo ávido de lutar em prol do sonho de um país, um Brasil que não recrimine e não mate dois jovens que andam de mãos dadas na rua, sejam eles dois rapazes ou duas garotas.

Militância LGBT, uni-vos! Pl 122 JÁ!


É a solução.




7 comentários:

Anônimo disse...

Eu adorei o texto Isadora *-*
Muito bem, só quero ver quando as pessoas irão deixar essa ignorância de lado e passarão a ter conhecimento sobre o que faz um jovem ser orientado sexualmente por pessoas do mesmo sexo ! A começar pelas escolas que já deveriam englobar isso de uma forma mais internalizada e fazem um pouco de descaso quando se trata de homossexualidade. Temos que educar futuros jovens e adultos e não futuros monstros.
by: Skif

Isa disse...

Pura verdade, Skif. Eu pretendo desenvolver um trabalho sério nessa área, se a vida me permitir, pois me sinto inútil e pequena quando vejo a tamanha ignorância - principal causa do preconceito - das pessoas em relação a homossexualidade. Não somente por esse motivo, mas por tantos outros, nós que somos conhecedores da área da Educação bem sabemos que o Brasil deixa a desejar no quesito educação de qualidade. Portanto, reafirmo que o mínimo gesto tem seu valor, sim.
Se não formos nós os primeiros a nos educar, nossas crianças serão adultos preconceituosos e perpetuarão os crimes de ódio da geração atual.
Valeuzão pelo comentário.
Beijos

Alberto Vasconcelos disse...

Campanha Isadora para Deputada Estadual!!! "Se ninguém faz esse trabalho direito, faça vc mesmo..."

Isa disse...

Tu se supera, Leôncio! Eu ri, mas acho que vou pensar com carinho no caso. Afinal, um palhaço consegue se eleger nesse país, por que não eu? hsiuahsihsiua.

;)

Agora, falando sério...
Posso parecer meio utópica, mas para essa carreria acadêmica que pretendo seguir, a esperança é realmente a última que morre. Ainda acredito num Brasil sem homofobia e com educação de qualidade!

Alberto Vasconcelos disse...

Ok, falando sério agora...

Eu acredito que tudo isso se deve aos problemas da educação brasileira. Afinal, enquanto nosso modelo de educação seja de um pais retrógrado, nossos alunos sempre terão uma mentalidade tipicamente ignorante e repetirão esse circulo vicioso...

Por isso, enquanto nossos políticos não tomarem vergonha na cara, pararem de tirar vantagem em cima do povo e começar a pensar em algo que realmente traga benefícios ao brasil... as coisas não vão mudar muito...

Por isso a ideia da candidatura... alguem tem que ir lá colocar ordem naquela assembléia...

Drika L.S. disse...

Fantástico, Dorinha..vc diz muito, mesmo com poucas palavras! mas é a pura realidade. A educação brasileira está longe de formar indíviduos capazes de pensar por si mesmo, geralmente agem conforme lhes foi instruído tanto no contexto familiar, religioso e educacional. Mas nós somos a mudança que queremos ver no mundo, já dizia um sábio! Te admiro muito e tô nessa luta pela educação de qualidade, inclusiva e responsável!

Elvino Faganello Neto disse...

Adorei teu texto, teu blog... sempre estarei aqui.
Bjuss