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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Covardes ou mensageiros de Deus?


Vivo num mundo em que apenas o fato de eu existir causa ódio, nojo e repulsa de pessoas. Não, eu não sou esteticamente deformada ou tenho qualquer doença altamente contagiosa. Mas elas costumam me tratar como se eu tivesse. No conceito de algumas delas, eu tenho uma "doença". Para outras, eu mereço queimar eternamente num suposto inferno por ser desobediente à criação divina. Ok, vamos colocar como ponto principal o que tange apenas à questão religiosa. Do momento que nascemos, há toda uma expectativa para nós. Sejamos homens ou mulheres, já nascemos com condições que nos impõem no que diz respeito a viver em sociedade: "homem tem de ser macho, durão, pegador e tem que saber impor respeito!" E mulher... mulher tem de ser delicada, recatada, feminina, e tem que viver sob o domínio de um marido. E tudo que foge à esses padrões é publicamente execrado. Pergunte-se de onde vem a maioria desses conceitos que são raízes da sociedade brasileira: da Bíblia, das religiões! Não responsabilizarei todas as religiões existentes no mundo, mas quero frisar uma em especial: o Cristianismo! De onde veio essa primal idéia do Criacionismo, onde o tal Deus fez homem e mulher, e bláblá; que hoje é usada como principal contra-argumento à homoafetividade? Veio da Bíblia cristã! Do mesmo compêndio de livros onde prega que a mulher deve ser submissa e calada diante da vontade masculina! Dentre muitos outros absurdos...

Diante disso, surge um problema grave que pelo menos 3 em cada 10 pessoas vivencia dentro do próprio meio familiar: a intolerância. Muitos pais guiados pelo dogmatismo religioso acabam por desesperar-se quando constatam que há pelo menos um gay, lésbica, bissexual, travesti ou transsexual na sua família. Muitos reagem apenas com os estágios de negação/omissão da vida do filho LGBT (é o meu caso), mas muitos outros infelizmente chegam à medidas drásticas como a privação da liberdade, a castração e, frequentemente, a violência. Isso é um dado preocupante. Inúmeros gays são espancados pelos seus pais, tios e inúmeras lésbicas são estupradas, violadas pelos seus pais e irmãos, e nada de efetivo é feito contra isso, a não ser por raras denúncias as quais se aplicam a Lei Maria da Penha. Ainda num caso não tão grave quanto os de violência familiar, há aquelas famílias, as quais fazem terrorismo psicológico contra sua prole gay. Aqui, falo por experiência própria. E apelo para qualquer pai, mãe que recém descubra que seu filho é gay: todas aquelas palavras vis que você falar contra seu filho, todas as tentativas de transformá-lo em heterossexual, e até possíveis sessões de exorcismo, tudo isso acabará por devastar seu filho, e além de machucá-lo profundamente, pode incentivá-lo a cometer suicídio (eu já pensei nisso...), e torná-lo uma pessoa amarga para o resto da vida. Sei que é difícil para um pai ou mãe ver que um filho é gay, mas pode ter certeza que é muito difícil para ele também, ver a família, que deveria ser seu porto seguro, afastar-se dele (a), apenas por ele ser um pouco diferente dos demais.

Jesus Cristo, em sua essência de pregador, JAMAIS condenou alguém, e tenha a certeza de que, como criaturas de Deus, nós, os gays, também merecemos a compreensão de outrem, tal qualquer outro ser humano pecador na face da Terra. Deus NÃO ODEIA OS GAYS! Parem de pôr palavras na boca de Deus! E não afastem seus filhos por causa da orientação sexual deles! Porque irão se arrepender profundamente...