Que tipo de homofobia você já sofreu?


Homofobia é crime, não seja cúmplice. Denuncie.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Condicionamento e a degeneração das relações familiares

Condicionamento. Juro que até sentir minha vida invadida por essa palavra, nunca me senti instigada a procurar o verdadeiro significado dela. Segundo um dicionário grossinho que tenho aqui em casa, e cuja preguiça não me deixa revelar o nome, "condicionamento" é, entre outros significados, o "ato de adaptar-se a novas condições". Tá, mas e o quê isso tem a ver comigo e minha situação? Já explico.
Há dois meses e uns dias, eu encarei as feras interiores e assumi a homossexualidade. E levando em conta que o contexto da situação aqui é de família cristã evangélica, fanática (não ao extremo!), eu já fui (não) preparada para receber até mesmo uma expulsão do lar. Mas não foi o que ocorreu. Se acho que ainda há um pouco de prudência e resquícios de pensamento crítico-reflexivo na minha mãe, ainda que sua capacidade de pensar por si própria e tomar suas própria decisões tenha sido tolhida pela religião, acho que ela apelou para o bom-senso e decidiu me manter em casa, apesar de tudo de cunho negativo que eu já ouvi e venho ouvindo sobre a homossexualidade.

E aí é que mora a questão do condicionamento, pois hoje, 17 de novembro de 2010, num calor digno do inferno, por assim dizer, e não por coincidência, um dia após seu aniversário - minha querida mamãe proferiu palavras não muito agradáveis aos ouvidos. Perguntei-lha por quê quis meu CPF e RG que pedira mais cedo, e ela brincando disse que era por que precisava de uma referência para abrir uma firma de clonagem de cartões de crédito. Brincalhona ela, não? Mas eu, que já estava acostumada (condicionada) às palavras frias e por vezes indignas dela a meu respeito, acabei por lhe fazer uma grosseria, alegando que ela precisava de meus documentos para a suposta firma, pois na realidade precisava de uma pessoa de caráter deturpado - coisa que eu já ouvi associado ao fato de eu ser lésbica. Está bem, fui grosseira? Sim, fui. E estou me sentindo mal ainda por causa disso.
Não sei se é pretensão minha dizer que a culpa é dela, mas eu já me condicionei a ouvir e aceitar comentários maldosos a respeito da minha sexualidade, e por isto, acabo criando um mecanismo de defesa - o possível sarcasmo e frieza que demonstrei ao respondê-la dessa maneira.

Do íntimo do meu ser, desejaria que tudo fosse diferente, mas agora, para aniquilar esse condicionamento vai ser relactivamente difícil quanto o é para um fumante deixar o vício. Posso até ter exagerado na comparação, mas é o que estou sentindo.

Nenhum comentário: